quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Estudo diz que tecnologia vai revolucionar as avaliações

As demandas vitais do Século XXI vão muito além do que conseguem medir as avaliações padronizadas. Especialistas buscam superar a aferição de habilidades técnicas e conhecimento para abrir espaço a uma série de outras características.

Um recente estudo publicado pelo grupo editorial britânico Pearson chamado “Preparing for a renaissance in assessment” (“Preparação para um renascimento em avaliações”), direcionado a líderes educacionais, vê dois fatores como primordiais para induzir novos processos de avaliação: o primeiro é resultado da força da globalização e das tecnologias digitais, enquanto o último é inerente à percepção de que o paradigma atual já não funciona como deveria, pois até mesmo os melhores sistemas atingiram um limite de crescimento.

Elaborado pelos consultores Michael Barber (pesquisador de sistemas e reformas educacionais com passagem pelo governo britânico) e Peter Hill (que ocupou cargos de destaque no setor na Austrália, Hong Kong e Estados Unidos), o texto mostra como a educação está diante de um ponto de inflexão. “Nós consideramos ensino/aprendizagem, currículo e avaliação como os três principais elementos de um processo educacional de sucesso. Nos últimos 20 anos, a avaliação foi um fator de atraso e, agora, vemos que ela pode ultrapassar os outros elementos e, por isso, atribuímos o termo renascimento”, disse Barber. Como a sociedade está profundamente ligada aos testes tradicionais, segundo ele, o principal desafio é promover reformas sem perder o rigor e o elo com exames que servem como parâmetros internacionais.

É neste cenário que entra em jogo a tecnologia, como por exemplo nos testes adaptativos, que permitem maior precisão e execução em menor tempo. Os dados vão dar ao professor maior entendimento sobre o que acontece com a classe e com cada aluno em tempo real, com a chance de diminuir ou aumentar o alcance do conteúdo estabelecido no currículo. “Agora podemos acompanhar o desenvolvimento de uma classe durante cinco anos da vida escolar. É uma variedade muito maior do que a atingida por um teste isolado”, diz Hill.

Todo esse conjunto de mudanças aliado a mais tempo e recursos, segundo os autores do documento, vai melhorar também a dinâmica do professor, que ficará livre dos trabalhos repetitivos e poderá dar atenção aos detalhes de cada aula e respeitar o ritmo dos alunos. “Isso vai criar uma revolução no aprendizado. O que era um sonho há seis anos agora é uma realidade”, sentencia Hill. Um outro impacto poderá ser visto nas reuniões pedagógicas, que antes se baseavam em hipóteses e agora podem servir para um trabalho colaborativo para motivar cada estudante.

As novas plataformas de ensino também podem dar origem a uma nova geração de avaliações capazes de chegar a um aprendizado profundo e a uma variedade de competências inter e intrapessoais, como trabalho em equipe e a capacidade de comunicação oral, além dos traços de personalidade. Mais rápido, mais preciso, mas e a velha “cola” e o risco de plágio? No lugar de testes cumulativos, é possível realizar apenas aqueles com propósito específico (com possibilidade de repetição) e proporcionar relatórios que incentivam o crescimento sem a ideia de sucesso ou fracasso.

Responsável por reformas em Hong Kong e na Austrália, Hill relata que boas avaliações sempre levam em conta a validade e a confiabilidade. “Validade garante que o que se está medindo diz respeito ao planejado, enquanto a confiabilidade permite os mesmos resultados caso a avaliação seja repetida”. Se não tiver essas características, a avaliação não pode ser usada, segundo o consultor, que coloca a capacidade de realização com os recursos existentes como mais uma característica a ser considerada independentemente do conteúdo e dos exercícios da avaliação.

Para alcançar o renascimento, diz o artigo, é importante olhar além da educação, porque muitas vezes a inovação acontece em áreas de pouco ou nenhum contato com o ensino, como é o caso dos jogos de videogame. Entretanto, os autores também ressaltam que, para que o benefício seja notado por todo o sistema, é necessária a ação de governos, uma vez que a infraestrutura tecnológica não pode ficar a cargo de uma única escola.

Fonte: Porvir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário